domingo, 16 de agosto de 2015

Footprints




Abaixo, uma análise do tema e do solo do Wayne Shorter na sua primeira gravação do clássico Footprints (Link para a gravação aqui)O texto fica bastante técnico em alguns momentos e deve interessar apenas músicos. Colaboraram nesta análise os colegas Alexandre Murashima, André Hemsi e André Mohor. Neste Link a partitura do tema principal.
Neste, a partitura do solo do Wayne Shorter. Enjoy!

Sonoridades



O nome do CD é
Sonoridades
. O grupo que o gravou é o Quarteto Sonoro. A presença ostensiva do prefixo son não é uma coincidência. Com músicos de formação acadêmica, o grupo é formado por Daniel Allain (flauta transversal), Liliana Bollos (piano), Sérgio Schreiber (cello) e Fernando Corrêa (violão e arranjos). Sobre o disco, encontramos no site do grupo este relato de Corrêa: “A formação é relativamente pequena, mas é muito difícil encontrar o equilíbrio ideal. Procurei explorar os espectros sonoros de cada um dos instrumentos e dispô-los em diferentes funções”. A declaração do músico é uma boa descrição do que iremos encontrar ao explorar as suas onze faixas. (ouça o album completo aqui)

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Prestíssimo


O texto abaixo foi publicado na revista Sabiá, edição número 64, de novembro de 2013, sob o título de “Uma abordagem criativa.” Por falta de espaço, o primeiro parágrafo ficou de fora. Então o incluo abaixo.

A lei federal 11.769 obriga todas as escolas do país a oferecer cursos de música. Esta é uma lei nova, de 2008. Não é a imposição legal que faz da Escola Suíça uma das que mais investe no aprendizado desta disciplina no Brasil. Nossa escola antecipou – se em décadas à percepção dos políticos. A “ficha” da educação musical caiu há muitos anos por lá e cai agora finalmente por aqui: estudar a arte dos sons traz múltiplos benefícios à criança em idade escolar. Porque é assim? O que a música, essa miscelânea (às vezes confusa) de sons tem para oferecer afinal? Para rastrear tais razões precisaremos ir além da superfície dos fatos.

sábado, 24 de novembro de 2012

Santa Claus is Coming to Town (AA). Versão 1: Harmonia original modulada para a tonalidade do cantor.


Fomos convidados a tocar uma música natalina num evento agora em Dezembro. Somos quatro professores de música numa escola internacional. Formamos nossa banda com Violão (eu), Flauta transversal, Piano e Bateria. Convidamos um amigo para tocar o baixo.  A música escolhida foi Santa Claus is Coming to Towninterpretada pelo Frank Sinatra. Ela tem a forma clássica tipo AABA com 32 compassos. Em sua versão original há uma modulação meio tom acima no final e um coda. Definimos como tocaríamos a forma (AABA três vezes + um outro coda, mais simples) e eu sugeri que poderia compor um arranjo para o AA da terceira vez para fazer só com a voz, em dinâmica piano. A minha proposta seria criar um contraste nos últimos 16 compassos, tocando com toda a banda em dinâmica forte.  Para minha alegria, todos concordaram.  A partir daí comecei a trabalhar no meu arranjo. O trecho tem apenas 16 compassos, e tentei marcá -los com um arranjo que tenha personalidade e faça diferença. Gravei rapidamente aqui em casa cada versão esta semana com a ajuda da Gis, minha mulher, fazendo os vocais. Usei uma câmera Sony semi - profissional que não é para captação de áudio. Posicionei o Amplificador perto do microfone para melhorar o sinal sonoro. Enfim, no vídeos a seguir você confere o resultado. Os próximos quatro posts (este incluído) descreverão o passo a passo do meu processo de composição, em vídeo e texto.
Quando definimos a música a ser tocada, precisamos definir quem a cantaria. O cantor escolhido é um tenor, e o tom original do Frank Sinatra certamente não seria bom para ele. Ficaria bastante baixo ou grave para sua voz. Um de nós trabalhou com ele a canção até localizar seu tom ideal: Áquele em que sua voz brilha, ganha destaque e fica bonita. Teríamos que subir dois tons em relação à tonalidade original, que era Si bemol (Bb). A nova tonalidade passou a ser Ré maior (D). Modular uma harmonia tão simples dois tons acima certamente não é um desafio muito grande para ninguém. No original, era assim:

Bb / Eb / Bb / Eb / Bb / Cm F7 Bb Gm Cm F7:

casa 2: Bb / / /

Após a modulação, ela ficou assim: 

D / G / D / G / D / Em A7 D Bm Em A7 :

casa 2: D / / /

Santa Claus is Coming to Town (AA). Versão 2: Rearmonização.


A melodia é bastante estática. Os quatro primeiros acordes oscilam apenas em duas notas (ré - sol), modulando uma quarta acima, com uma estrutura fraseológica do tipo pergunta - resposta. Se a melodia é parada, a harmonia precisa variar mais, senão o resultado fica muito enfadonho. Começamos com os ornamentos. Acrescentamos Sétimas a todos os acordes. O sabor plagal das cadências iniciais é monótono.
Vamos substituir G7M(sol maior) por Em7 (Mi menor), já que os dois têm a mesma função. Em seguida substituímos esses dois compassos de Em7 num II m7 - V7 - I7M clássico. No tempo dois do compasso tiramos o I7M para inserir um V7 para o Em7, ou seja: Um B7. Pronto: Temos mais movimento em toda a cadência: Sai  D / - G / e entra D7M - B7 - Em7 - A7.
Mas dá para ir um pouquinho além: Como a melodia não passa pela terça (sol) do II m 7 ( Em7), podemos substituí -lo por um E7, que também é dominante de A7.
Para marcar bem o Turn Around no compasso 7 substituímos o D7M por um F#m7(b5), caracterizando uma cadência II m - V - I que conclui em E7(9)
Para finalizar, acrescentamos nonas e décimas terceiras nos acordes V7: E7(9), B7(13) e A7 (b13). Estendo o dedo quatro para formar pestana até a primeira corda, criando um efeito de brilho, muito comum em guitarra de Jazz.
No acompanhamento rítmico, um estilo banjo de banda de swing dá o sabor jazzístico que o estilo da canção pede. Esta é a levada básica que estou usando quando tocando com a Banda, na maior parte da canção. 

Santa Claus is Coming to Town (AA). Versão 3: Walking Bass.


A terceira versão cria movimento introduzindo o Walking Bass, ou baixo andante. Comum no Jazz americano, o Walking Bass tem uma sonoridade bastante característica. Um modo simples de colocar o Walking Bass é aplicá -lo em canções quaternárias com mudanças de acordes a cada dois compassos.  Como a harmonia anda a cada duas pulsações, determine os tempos 1 e 3 para a fundamental do seu acorde. Nos tempos 2 e 4 toque a nota imediatamente meio tom acima ou abaixo, dependendo do efeito (ascendente ou descendente) que você quer dar. A pestana com o dedinho sai aqui, para voltar na versão seguinte (quarta versão), que de um certo ponto de vista é uma mistura das versões dois e três. Toque com vigor os baixos, citando na síncopa as outras notas do acorde. 

Santa Claus is Coming to Town (AA). Versão 4: Inversões e Substituições



Este último arranjo começa com o mesmo conceito da versão anterior, priorizando o Walking Bass, mas agora incluindo a primeira corda com uma pestana do dedo quatro, que é a nona nos acordes V7(13). O B7(b13) vira um B7(13) para que a nona seja maior e para a amplitude da sonoridade.
O compasso cinco começa com um A 6(9), que é na verdade um D7M6/A. O baixo acelera cromático para o B7(b13)/F#, imitando um riff de Blues. E volta em grau conjunto para um G#m7(b5) que é o mesmo que um E7(9) com baixo na terça.
Há um breque em A7/G. Em seguida uma aproximação cromática descendente com antecipação ritmica faz a harmonia chegar no turn around, que terá alguns acordes V7 substituidos: O B7(13) vira F7(#9) com quinta diminuta. O E7(9) vira E7(#9) com quinta diminuta. 
Chegamos no segundo A em piano, usando harmônicos da casa 12 (cordas 5 e 3) para diminuir a dinâmica e fazer soar um A7. 
O Walking Bass é retomado ascendente entre as casas 9 e 12. Os arpejos dos acordes ora são dedilhados ora arpejados para criar variedade. O sentido do baixo segue se invertendo, usando cromatismos e inversões. A partir do A7(9) na casa 12 retomamos o caminho da harmonia da versão 3 à caminho do fim do trecho. Nos últimos dois compassos as antecipações ritmicas e cromatismos enfatizam a finalização.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Caindo no Mundo


Artigo publicado originalmente no meu Blog  Tem formiga Aqui.
Se fosse questionado por Deus no céu sobre meu legado nesta vida, pediria um notebook com internet e mostraria para ele os vídeos abaixo.
Faz tempo não mimo aqui meus alunos músicos. Como tem muita novidade, vou dar uma atualizada no que rola. Óbvio que sinto orgulho dessa galera brilhando e espalhando talento, beleza e música boa na Web. 
Mas não tenho ilusões. Primeiro: Não trabalho sozinho. Segundo: Não tenho poder sobre ninguém. Quem faz a maior parte do trabalho é o Espírito da Música.É só colocá- los em sua presença e ver a mágica acontecer. Com um dedinho meu. O resto é história.Deleite- se!

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Green Onions - Booker T.



É uma delícia tocar esse tema no órgão. Mão esquerda com o Riff swingado do baixo, e a direita no tema, que é bem descolado. Levada de jazz - blues, metrônomo em 110, mais ou menos. De volta ao palco o Andre GB, nosso baixista inicial volta para fechar o show, que há esta altura já está se encaminhando para a parte final. Foram 15 músicas. Essa é a décima. A mão já está mais solta depois de 10 músicas, e você se arrisca mais. Este tema também é um 12 bar blues menor, agora em Fá. Nossa banda deveria se chamar 12 bar blues minor Band. De novo no improviso eu e o Murashima. O tema está no teclado, mas rola uma conversa entre guitarra e teclado. Meu solo durou dois chorus, sobre a escala de Fá menor blues. Arrisquei algumas frases usando o recurso do bend. O último chorus do tema final ficou meio feio. Não nos entendemos, eu e a banda. Para mim, depois do tema, era Fá menor até o final. Para a banda, era um chorus comum. Mas isto é música ao vivo. É assim mesmo. Quem não quer se molhar que não saia na chuva. Valeu pela diversão.

Oye como Vá - T. Puente



Outro tema sensual na guitarra do Carlos Santana, tocado pelo Murashima. Nesta o Roberto é quem está no Baixo. O timbre de teclado usado aqui é do órgão. Ouvindo agora o meu improviso, acho que soou meio pretensioso. O uso do bend, frases cortadas e meio desconexas, saltos intervalares, passagens que lembram o solo de Light my Fire. A tentativa de criar um clima diferente resvalou no estranho. São riscos que se corre quando se improvisa mesmo. Frases descendentes e ascendentes com a escala de tons inteiros. E o solo foi ficando ainda mais estranho! O Alex, baterista, só me olhava e ria. Depois improvisou o Roberto. Impôs seu próprio clima. A dinâmica caiu ao mínimo. A música foi renascendo. A guitarra puxando de volta para o tema, aos poucos, até explodir num fortíssimo.  O mais engraçado: Nada disso foi combinado. O contraste, e depois o crescendo que deixou a interpretação mais interessante rolou na espontaneidade total. Diversão pura. Bola no ângulo. Belo gol da banda.

Chitlins Con carne - K. Burrel



Gosto do timbre leve do piano elétrico deste teclado Casio. Outro 12 bar blues menor, agora em Dó, com uma levada sensual. O tema na guitarra lembra a versão do Stevie Ray Vaughan. Muitos espaços vazios para o piano preencher. O clima bem cool. No improviso, o meu piano e o Baixo do Andre GB. Eu primeiro. Escalinha de Dó menor Blues, com algumas inserções de Fá menor Blues e o uso da nona como nota alvo. Sobre o dominante, menor (Gm7), notas de arpejo. Minha frase de entrada ficou parecida com a do solo de Isn't she lovely. Solo de baixo do Andre GB, também de dois chorus, minimalista e intuitivo. O tema na guitarra volta no final, tocado mais duas vezes, com a banda já bem solta, nesta que foi a terceira música do show. Encontrei com a Meire, que filmou o show e ela comentou, sobre essa música: Ficou meio fora de foco, né... Pode até ser, Meire, mas o som ficou ótimo. Valeu pela iniciativa.

Isn't she lovely - S. Wonder



Minha preferida, já que tenho uma introdução de 16 compassos totalmente improvisada. Uma bolinha na trave aqui e alí, que fazem parte, né... O tema está no teclado. A banda bem redondinha, com swing. Delícia de tocar. A cozinha ( baixo e bateria) no tempero certo. Meu improviso foi primeiro, com dois chorus de duração, começando nos anacruses. Algumas notas de arpejo, mas principalmente escala pentatônica maior em E. Há uma passagem pelo arpejo de dó diminuto, no meio da parte B. Algumas notas cromáticas de passagem. Abusei dos triplets nas escalas ascendentes. Foi o máximo que deu para fazer com o pouco tempo de preparação. O riff no final do chorus é a assinatura desse tema. O solo do Murashima, quatro chorus, muitos riffs de insistência, cromatismo, notas oitavadas e outros truques.

Freddie Freeloader - M. Davis



Esta banda foi formada para este evento específico, uma semana dedicada à Cultura e Artes que aconteceu no dia 08 de outubro de 2010, no colégio Batista, na Vila Mariana. A iniciativa foi do Alexandre Murashima, atendendo a um pedido de nossa amiga e artista plástica, a Veridiana. Além de mim para os teclados, o Mura convidou o Andre GB (Baixo), o Roberto (Baixo), e o Alex (Bateria). Freddie Freeloader (vídeo acima), do Miles Davis foi a primeira música, num total de 15. Pela ordem : Freddie, On Broadway (G. Benson), Chitlins con Carne (K. Burrel), Isn`t she lovely (S. Wonder), Cantaloupe Island (H. Hancock), Chank (J. Scofield), Chameleon (H. Hancock), Oye como Va (T. Puente), The Chicken (J. Pastorius), Green Onion (Booker T.), Breezin (G. Benson), Footprints on the sand (W. Shorter), e Sunny (B. Hebb). Em Freddie Freeloader o tema original dos metais está no teclado. O som captado pela câmera da Meire Marion tem qualidade surpreendente. A peça é um 12 bar blues em Bb com repetição. Na casa um, nos compassos 11 e 12, a tônica Bb7 é substituída pelo bVII7 (Ab7). A cozinha (Baixo e Bateria) está bem sincronizada. Meu improviso foi o primeiro. Dois chorus. O áudio do meu solo acabou ficando baixo. Não posso reclamar. O áudio como um todo está ótimo. Sobre o Bb7 usei a escala de Bb mixolídio e Bb menor (Blues). Para Eb7, Eb mixolídio. O centro da brincadeira foi a nota Db, que gerava uma sensação de indefinição entre as escalas maior e menor, própria do Blues. A graça desse tema é o acorde de Ab7, no turnaroud/casa um. Sem ele, o tema vira um Blues normal. Sobre o Ab7, modo jônico ascendente. Algumas bolas na trave e algumas no gol. No segundo turnaround, notas de arpejo e Bb menor (Blues). Não entrei no tema depois do solo do Murashima, que me chamou com a guitarra, repare. A sonoridade geral da banda nesse tema ficou elegante, na minha opinião.


2 violões de luthier à venda - Ótima oportunidade.



Dois violões de Luthier à venda. 

José Montezano. Limeira.   Violão Clássico de Abeto (tampo) e lâmina de jacarandá (fundo e lateral). Com goma laca. Comprimento: 1.05m; Atura:10,8cm; Largura na parte larga: 39,6; Na parte Mais magra 29,30cm; braço:55cm. R$800,00 com Bag Glitter. 


Ramon Coelho – São João Del Rei. Tampo de pinho alemão, com raio midular ( O detalhe ao lado do tampo, que dá projeção, mais sonoridade). Cavalete,escala, lateral e fundo de Jacarandá da Bahia. Modelo Torres, com sete barras (3º período do Torres). O normal tem cinco barras. Verniz PU. Medidas: 650 mm. Na parte mais larga- 36,2cm; Menos larga-28 cm; Comprimento da caixa- 49 cm; Comprimento do braço – 51,5; Altura na parte mais larga – 9,5 cm; No cavalete – 10,5cm. Preço R$ 1.500,00 com estojo. (Vendido)

Contato: bcpandre@gmail.com

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Dissecação



Um ótimo aluno da oitava série, muito interessado em música questionou - me esta semana sobre o método de composição do estudo apresentado no vídeo acima. O estudo foi feito para dele eu extrair a introdução da ótima canção do meu amigo Alexandre Murashima
Pret a Pate no Ateliê 
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Vale uma visita no link do Murashima. Escute a peça citada para absorver o seu clima harmônico e melódico, que será utilizado como base para compor este aqui. Descreverei o método de construção da peça, o que usei e como usei.  A harmonia e escalas usadas, e outros truques melódicos. Considero esta uma tentativa meia boca de misturar estilos diferentes na mesma peça. 
No caso, Jazz com  Sertanejo (!?)
Lembram do conceito de música pós - moderna que já tratei neste Blog?

 

A primeira gambiarra foi a escolha da afinação. Como a peça do meu amigo é em Dm (ré menor), abaixei a afinação em um tom. Assim ao tocar um desenho de Em (mi menor) estamos ouvindo na verdade um Dm. Porquê? Para utilizar mais recursos de baixo com a quinta e com a sexta cordas.  
Sigamos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

O abeto e a laca


A vida não é só sofrimento. Coisas extraordinárias podem acontecer. Quando menos esperamos. Na próxima curva do rio.
Quero que você avalie o meu último violão. 
Sua voz não escondia o entusiasmo. Meu amigo Jefferson Garrido terminara de construir seu violão número dez. Fez o curso de Lutheria junto com seu pai. Em pouco tempo já tinha vendido vários instrumentos e recebido excelentes feedbacks. Tem um blog para divulgar seu trabalho  
Nossa amizade cresceu em torno da mesma paixão. A Música Erudita para Violão. Já era exímio violonista e se aventurava no campo fascinante da construção de instrumentos musicais. Ao querer me mostrar seu violão pretendia, conforme me dissera, ter um parecer meu sobre seu trabalho como Luthier.  
Quero uma segunda opinião, justificou. 
Os violões foram saindo, as primeiras vendas confirmadas, e a paixão pelo ofício aumentou. “Reservo minha sexta feira e sábado para a construção de violões”, confidenciou. Está claro que esse é seu caminho. Ele, sendo ótimo violonista, já sacou que seu produto é bom.
Quando posso passar aí? 
 
Marcamos o encontro no final de março, uma segunda à noite. Nossos encontros tem sido raros. Houve um tempo em que nos víamos diariamente. Faculdade de Música, mais de dez anos atrás. Trabalhamos repertório de dueto nas aulas de música de câmara. Em 2007, retomamos a idéia. Chegamos a ensaiar oito músicas. Veio 2008 e ficamos sem horário. Ele chegou a compor uma peça para o dueto. Nunca conseguimos prepará-la.

Misturando

Vou tentar descrever aqui como tenho estudado improvisação ao violão. Há infinitos métodos e abordagens para esse fascinante e complicado assunto. Tenho retomado esse estudo depois de uma fase meio morna, onde estava dominando os arpejos de tríades e de tétrades. Agora, com esse vocabulário nas mãos, volto a minha atenção a outros detalhes como padrões de digitações diatônicos com saltos intervalares, escalas diminutas, tons inteiros, escala alterada, combinações de arpejos, escalas cromática, escala bebop, o uso das escalas pentatonica e de blues num contexto jazzístico, e o mais difícil: Misturar tudo isso com coerência, num fraseado que faça algum sentido.

1 - Tocar os campos hamonicos maiores e menores em cinco posições diferentes no braço, sem andar mais de uma casa para cima ou para baixo. Além de tocar os acordes do campo harmonico, fazê - lo com uma cadência IIm - V7 para cada acorde. Esse exercício tem se mostrado muito interessante.

2 - Selecionar as tonalidades que funcionam melhor no início do braço e quais desenhos específicos podem ser usados sem o uso de corda solta. Trabalhar com duas posições. Uma em duas oitavas no grave/médio e outra para agudos, até uma quinta acima na tessitura da escala.

3 - Escolher uma altura do braço, digamos a quarta casa. Pensar a melhor digitação para aquela tonalidade. Usar preferencialmente desenhos semelhantes tanto em cima como embaixo no braço. Por exemplo: desenhos com tonica-quita-tonica-terça juntos. Ou: desenhos com tonica-terça-quinta   juntos.

4 - Trabalhar aquela posição cadências I - VIm - IIm - V para tonalidades maiores e Im - bIII - IIm7b5 - V7b9 para tonalidades menores.

5 - Usar sistematicamente escalas tons inteiros e diminuta, seguida da alterada (meio a meio). Combinar com padrões com saltos intervalares e arpejos de tríades.

6 - Criar frases com colcheias. Lentas, para dar tempo para pensar e frasear. O mais importante é criar a frase; Uma frase fluida.

7 - Para cadências menores, priorizar o domínio do uso das escalas lócria - alterada - dórica.

8 - Nas cadências maiores, frasear com combinações dos arpejos V7 e SUBV7. Usar arpejos II sobre V7 e sobre I. Usar bIII sobre V7.

Por hora é isso. Esta semana estou de férias, então estou tendo mais tempo para estudar. Nem sempre é assim. Fazemos o possível, não é!

Abraços.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Comunicado aos leitores

Em função de uma solicitação da escola, estou retirando todas as fotos e imagens em que aparecem alunos e pessoas ligadas à escola. Também estou cortando os nomes de todas as pessoas antes citadas, para preservar suas identidades. Para fazer este trabalho, retirei este Blog do acesso público há cerca de um ano atrás, mas nunca encontrei tempo para realizar a tarefa, ou para decidir qual seria o destino desse Blog.
Com o passar do tempo, começou a não fazer sentido manter o Blog numa esfera privada. Não era esse o meu objetivo. Decidi modificar as postagens para preservar o seu caráter público. Tomarei cuidados daqui por diante para não ferir nenhuma privacidade ou revelar nenhuma identidade que não seja previamente autorizada.

Cordialmente.

Andre Barreto - Administrador deste Blog.